O segredo das cidades inteligentes revelado na Smart City Expo Curitiba

No final de março fui à segunda edição da Smart City Expo Curitiba, a versão brasileira do maior evento do mundo sobre cidades inteligentes.

O evento incluiu feira e congresso, cujo tema foi “Planejando as Cidades que Queremos”. As plenárias simultâneas estavam divididas em quatro temáticas envolvendo tecnologia, governança, sustentabilidade e inovação. Foram discutidos assuntos como mobilidade urbana, internet das coisas, governo aberto, economia circular, gestão de resíduos, dentre outros.

Apesar da maioria do público ser formada por governantes e executivos, fiquei feliz em ver a participação de estudantes de diversas áreas e de cidadãos comuns, como eu, engajados em atividades voluntárias e mobilizações em suas cidades.

Inovação em Curitiba

A abertura do congresso foi realizada pelos organizadores do evento e governantes. Rafael Greca, atual prefeito de Curitiba cujo primeiro mandato foi há 25 anos, se mostrou um grande apaixonado pela cidade. Ele ressaltou diversas iniciativas inovadoras na cidade como o coworking público, as hortas urbanas, o uso de resina antipichação em monumentos e os faróis da inovação (projeto educativo que une biblioteca e espaço maker com impressora 3D).

Muitas dessas iniciativas foram responsáveis por levar Curitiba a posição de cidade mais inteligente e conectada do Brasil, de acordo com o ranking da consultoria Urban Systems.

Automação do Trabalho

Na sequência, Ana Carla Fonseca, diretora da Garimpo de Soluções, trouxe reflexões importantes sobre o futuro do trabalho e a substituição de profissionais por máquinas. Explicou que os avanços tecnológicos geram desconforto e, por isso, precisamos pensar no que fazer para criar um equilíbrio nesse momento de mudança.

Ressaltou também a necessidade de nos questionarmos sobre quais ocasiões desejamos substituição:

“Queremos robôs cuidando de nossos pais idosos ou apenas fazendo entrega de uma pizza?”

O Futuro da Carreira

Carla apresentou o conceito de sociedade do cansaço e a exigência contínua de alto desempenho. O tempo todo estamos em busca de atualizações profissionais que parecem nunca ser suficientes.

Falou que, antigamente, era comum nos perguntarem “o que você quer ser quando crescer?” e a resposta valia para a vida inteira. Mas hoje, as novas gerações entrarão no mercado e terão, em média, cinco profissões ao longo da vida. E até mesmo quem construiu uma trajetória profissional já fez alguma transição de carreira.

Por esse motivo, Carla disse que temos que nos preparar e planejar quais habilidades temos que desenvolver para nossa próxima profissão, mesmo sem saber como será o cenário. Estamos em um momento de transformações aceleradas que a palestrante definiu de forma brilhante:

“Não sabemos para onde vamos viajar, mas precisamos pensar no que colocaremos na mala.”

Cidades criativas e efervescentes

Por último, a congressista nos apresentou uma série de casos em que soluções inovadoras surgiram a partir do incômodo dos cidadãos: desde a criação de talheres comestíveis para reduzir a enorme quantidade de resíduos provenientes dos descartáveis na Índia; a um processo para iluminar vitrines a partir de bactérias bioluminescentes em uma Paris com medidas de economia de energia.

O que todas essas cidades criativas têm em comum? Carla não deixou dúvidas de que são as conexões entre pessoas.

Dessa forma, refletindo sobre todo o conteúdo apresentado na primeira manhã, ficou fácil entender porque Curitiba tem investido tanto em compartilhamento de conhecimento e gestão pública participativa. E, ao longo de todo o evento, ficou claro que as cidades inteligentes não estão apenas relacionadas à tecnologia. Cidades inteligentes são construídas por cidadãos inteligentes.

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